domingo, 2 de maio de 2010

Festival de Teatro Aberto de Campos/RJ

Tornou-se comum ouvir por aí nas ruas de Campos que a cidade se tornou uma cidade-fantasma. Que nada acontece além de desfalques na política e economia da cidade. Que nenhum mortal sobrou pra reerguer a cidade energia. Que energia nenhuma sobrou. Entre os moribundos que aqui vagam sempre tem um pra apontar o dedo e dizer, cheio de convicção, que esta é uma cidade com amnésia. Sim, numa cidade de zumbis, que memória queríamos encontrar? Aquela que nos diz ser esta a primeira cidade da América Latina a receber energia elétrica? Que nos diz ter saído daqui um Presidente da República, artistas conhecidos nacionalmente, empreendedores que transitam no exterior? E que nos recorda Antônio Roberto, Orávio de Campos, Marisa Almeida, Ana Beti Braga e Silva, Tânia Pessanha, Dedé Muylarte, Hélvio Santafé, Walnize Carvalho e outros que a minha memória pessoal não deixa lembrar? Talvez tentando remediar essa amnésia generalizada, que beirava o Alzheimer, e para remediar os muitos desvios dos cofres públicos (remediar!), foi criado o Festival de Teatro Aberto. O primeiro da cidade. Podíamos ouvir Thriller de Michael Jackson enquanto víamos a nós mesmos saindo de nossos túmulos em direção ao renascer. Porém, como na lâmina O Julgamento do Tarot de Marselha, a ressurreição é penosa. Tão penosa que poucos se deram a esse trabalho. Pois é, lá estava a Cia de teatro Os Ciclomáticos e diante deles uma pequena platéia. Meia dúzia de despertos pra o que estava acontecendo na cidade. Em seguida, o coral da FDC e, após, um grupo de BH contando a história do rei Édipo.
Ignorando a divulgação do evento (divulgação? Acho que não teve.), os microfone que não funcionavam, a falta de informação para ser dado ao público, a falta de clareza do evento para a platéia - sim, porque o público sequer sabia para onde ir e onde estava acontecendo o que – e principalmente o propósito do evento e a escolha dos espetáculos, pode-se dizer que pelo menos a cidade começa a se remexer no leito, esboçando um possível despertar. Mas não nos enganemos: ainda estamos sob efeito de fortes ansiolíticos.

Nenhum comentário: