domingo, 2 de maio de 2010

Filosofia

Um grande debate valida as questões em torno das possíveis definições de "Filosofia". Elencar as muitas possíveis definições de "filosofia" pode tomar o tempo de quase três mil anos de história do pensamento e ainda atravessaríamos muitos anos de boa briga e bons embates. O fato é que as tentativas de definir "filosofia" ultrapassam as filosofias de muitos pensadores desde que se tem notícia desse saber, ainda que anterior a Tales de Mileto e a nomeação de tal por Pitágoras. De acordo com o pensador alemão Heidegger, a pergunta “Qu´est-ce que la Philosophie?” (“O que é isso – a Filosofia?”), título de uma de suas conferências, apresenta antes algumas questões em torno da própria formulação da pergunta que revela um modo próprio do pensar grego, que define todo o modo do filosofar ocidental. De certa forma, as muitas filosofias construídas desde então, partem da pergunta categórica “ti estin” (“O que é isto?” em grego, também uma categoria aristotélica). Assumida na filosofia kantiana como, também, um modo de conhecer a realidade via categoria.

De acordo com alguns pensadores contemporâneos, a filosofia acabou e Hegel seria o último grande filósofo. Este pensamento é marcado pela idéia de que filosofia se dá como um grande sistema. Não há uma unidade em toda filosofia, mas existem filosofias e sistemas. Seria bom se nós conseguíssemos entender o que é um sistema filosófico. Quando um filósofo filosofa, ele cria um sistema onde suas questões passam por todos os campos do conhecimento – saber; mas vale lembrar que existe uma questão cerne que move todo o sistema. A questão cerne movimenta o pensamento filosófico daquele filósofo. Quanto a nós, ler seu autor é entender primeiro essa questão e conseguir vê-la nos outros campos do sistema desse filósofo, como cerne. Ainda nesse raciocínio sobre sistema filosófico, todo filósofo tem uma questão cerne, tem uma ética, uma epistemologia, uma ontologia, uma estética e etc. E cada um desses campos tem a questão central de fundo. Algo como, entender a ética de Platão sem conhecer seu mundo das idéias é desprezar todo seu sistema. Da mesma forma que entender a estética de Kant sem compreender sua questão central, é jogar fora esse grande filósofo. Sendo assim, dizem alguns autores que Hegel foi o último filósofo por ter sido o último que teve um sistema filosófico.

Os problemas com as definições de filosofia vêm de todos os cantos e de todos os tipos. Um grande erro que não dá pra evitar é o de associar filosofia com pensamentos de reflexão, como frases feitas, frases soltas que gostam de dizer que são axiomas, “verdades” soltas mais subjetivas que universais, que só revelam a falta de intimidade com a filosofia. Comumente ouvimos “filosofia de vida”, ou mesmo “a minha filosofia”, ou “sigo a filosofia x”... Bom, não estou indo contra a idéia de a filosofia estar no dia a dia, mas acho que um pouco de hermenêutica (meio heideggeriana rs) ajuda aos tantos: a filosofia como detentora do “logos” se desvela no discurso. Para tanto, o discurso acontece de modo denso. É pelo discurso que a razão se exerce. Na verdade, é como se a filosofia só fosse possível pelo discurso, pelo exercício da razão via esse discurso. (repetitivo, né?! rs) Por isso, um bom estudo hermenêutico clareia a compreensão de filosofia. Sem desprezar um método próprio para cada filósofo.

Bem, esse extenso post é para levantar a discussão quanto às possíveis definições de “filosofia”. Porém, vamos abandonar as definições equívocas como “reflexão”, “criação de conceitos”, “criação de teorias” e etc. Eu digo “equívocas” porque primárias.

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